quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Agentes públicos são capacitados para atenderem refugiados em SP

Servidores públicos de diversas áreas participaram de uma capacitação para melhor atender aos refugiados que chegam ao estado de São Paulo. A ação envolve funcionários estaduais e municipais de setores como saúde, educação e assistência social.
O ciclo de capacitação traz desde informações técnicas até a apresentação da oferta de serviços, os diferentes aspectos da recepção e assistência aos refugiados e migrantes.
 “O interessante desse evento é que ele surge a partir de uma demanda dos próprios refugiados, que gostariam de ser mais bem atendidos pelos mecanismos públicos de assistência social do estado”, disse Luiz Fernando Godinho, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).
Segundo ele, o Brasil tem atualmente 8,4 mil refugiados reconhecidos e 12 mil solicitantes. Estima-se que metade dessa população vive no estado de São Paulo. O estado e o município têm como responsabilidade garantir o acesso a políticas públicas, como escola, assistência social, saúde, habitação e geração de renda.
“Muitas vezes, o funcionário que está dentro do balcão não tem muita noção do que é o refugiado, desde os conceitos básicos, dos direitos que ele tem como solicitante de refúgio. A lei brasileira garante, por exemplo, o acesso à saúde, à educação mesmo àqueles que ainda não tiveram seus pedidos reconhecidos”, disse Godinho.

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Refugiados elogiam saúde e educação no Brasil, mas reclamam do desemprego

Número de refugiados praticamente dobrou desde 2011: são 8.400 no total

Quando saiu da República Democrática do Congo (RDC), há dois meses, Dina deixou para trás uma vida de perseguição e medo. Por seis meses, ela viveu entre a casa de amigos e familiares, trocando de endereço para evitar ser presa pelas forças do governo.
“Eu era governanta na casa de uma família. Meu patrão era chefe de um jornal e começou a ter problemas com o governo. Um dia invadiram a casa dele atrás de documentos. Eu e outros funcionários fomos torturados”, afirma Dina, de 32 anos, que pediu à reportagem para alterar seu nome.
Refugiada no Brasil, ela vive agora em um abrigo no centro de São Paulo, onde recebe cama e comida. Dina faz questão de elogiar o sistema de saúde brasileiro, “que recebe você e cuida de você, mesmo sem pagar”.
Com a situação regularizada, ela tem CPF e carteira de trabalho, mas enfrenta agora seu maior desafio: conseguir um emprego e trazer a família.
— Aqui me sinto segura pela alimentação, pela casa, pela saúde. Mas o que mais me preocupa é o emprego. É pensar nos meus filhos desamparados.
Seus três filhos e sua irmã mais nova vivem na casa de uma amiga em Kinshasa, capital da RDC. Por falta de dinheiro, as crianças estão fora da escola e passam o dia dentro de casa.
— Se eles estivessem aqui, eles poderiam ir para a escola. Mas lá o único jeito [de fazer isso] é pagando.
Seu drama é compartilhado por Ana, também congolesa, de 37 anos, que está há três meses no Brasil. E como Ana ainda não consegue se comunicar em português, fica ainda mais difícil arrumar emprego.
Assim como Dina e Ana, há 8.400 refugiados reconhecidos pelo governo brasileiro. Esse fluxo praticamente dobrou desde 2011, quando havia 4.352 pessoas nessa situação.
A postura brasileira de manter as portas abertas a imigrantes e refugiados foi destacada pela presidente Dilma Rousseff na semana passada, durante discurso na abertura da Assembleia Geral da ONU.
"Em um mundo onde circulam, livremente, mercadorias, capitais, informações e ideias, é absurdo impedir o livre trânsito de pessoas. (...) Recebemos sírios, haitianos, homens e mulheres de todo o mundo, assim como abrigamos, há mais de um século, milhões de europeus, árabes e asiáticos. Estamos abertos, de braços abertos para receber refugiados", disse a presidente.
Os números comprovam essa política, mas não mostram as dificuldades enfrentadas pelos refugiados por aqui. Além do desemprego, eles sofrem com a falta de assistência na chegada ao País.
Dina contou com a ajuda de um amigo brasileiro para entrar no Brasil. Ele lhe pagou as passagens e a auxiliou com o visto no Congo.
— Ele prometeu que ia cuidar de mim aqui em São Paulo, mas então descobri que ele era casado. Ele me deixou na casa de um amigo. Em três dias ele não voltou e aí fui para a rua.
No primeiro dia na rua, Dina foi assaltada, perdeu o dinheiro e as roupas. No segundo dia, conseguiu se comunicar em francês com um brasileiro, que lhe entregou um “papel com o endereço do abrigo da Cáritas”.
Em São Paulo, principal porta de entrada ao Brasil, o apoio inicial não parte de autoridades, mas sim de instituições religiosas, como a Cáritas, ONGs como o Adus (Instituto de Reintegração do Refugiado - Brasil), além de contatos dos próprios refugiados.
O haitiano Dady Simon, de 32 anos, está no Brasil desde outubro de 2013. Ele não é considerado refugiado, mas recebe do governo uma autorização especial de permanência, o chamado “visto humanitário”. Essa permissão é concedida somente para cidadãos do Haiti, país assolado por um terremoto devastador em janeiro de 2010.
— Chegando em São Paulo, olhei pro céu, porque não sabia pra onde correr, onde dormir. E aí eu falei: ‘Deus é mais. Você cria o mundo, você não vai me deixar dormir no aeroporto’.
— Eles falaram para mim: ‘Não tem problema, vamos. A gente vai te levar pra nossa casa e aí você vai poder alugar sua própria casa’. Passei quatro dias na casa deles e depois fui embora. Eles mesmos arrumaram um quarto para mim.Dady conseguiu ajuda com quatro haitianos que estavam no aeroporto para buscar um amigo.
Quase dois anos após chegar ao País, Dady afirma estar “sossegado”. Ele agora vive em Foz do Iguaçu (PR), em uma república de estudantes, onde estuda para o vestibular. Seu objetivo é fazer biologia na Unila (Universidade Federal da Integração Latino Americana).
— O Brasil oferece a todo mundo a oportunidade para estudar, mas as pessoas têm que valorizar isso. Porque no meu país todo mundo quer estudar, mas lá não existem as mesmas oportunidades. O Brasil precisa fazer alguma coisa para motivar os jovens e as crianças a estudar. Tem que fortalecer a educação.
Papelada brasileira
Diferente das congolesas, Dady não reclama de desemprego no Brasil. Como já falava espanhol na chegada ao País, ele diz que foi fácil aprender o português. Em um mês, quando ainda vivia em São Paulo, já estava empregado.
— Como todo mundo, passei momentos difíceis na minha vida. Agora estou aqui sossegado. Depois de me formar, vou ver como ajudar meu país, essa é minha ideia.
Já para a família do sírio Abd Jabbor, de 49 anos, aumentar a renda da família é uma luta diária, como mostroureportagem do R7 DF.
Ele veio para o Brasil com a mulher e os três filhos para fugir da guerra em seu país.
A família, de classe média alta na Síria, vive em Brasília com a venda de doces e salgados. A renda, no entanto, é insuficiente para pagar as contas. Enquanto o faturamento da família é de R$ 2.000, o aluguel é de R$ 1.900, como explica a filha mais velha do casal, N. Jabbor.
— Minha mãe faz as comidas, meu pai procura os clientes e cuida das encomendas, mas não tem salário fixo e está muito difícil. Nós não sabíamos que o aluguel era tão caro, estamos procurando outro lugar.
Tanto Jabbor quanto Dina enfrentam problemas também pela falta de documentos escolares.
“Do jeito que saímos [de casa], não tinha como trazer”, conta Dina, que tem o ensino médio completo e tem dificuldades para provar sua escolaridade durante entrevistas de emprego.
Apesar dos problemas, a congolesa Dina e o haitiano Dady agradecem ao Brasil pela vida nova que ganharam.
“Quando os europeus chegaram aqui no Brasil, sofreram muito. Então tem que ter esperança, trabalhar e se achar, ou esperar o tempo para dar certo. Você vai conseguir sucesso, mas tudo é caminho”, diz Dady.
— O Brasil é uma mãe impecável. Não tem mais país que o Brasil. Na tristeza, todo mundo chora. Com o pouco que tem, o Brasil ajuda as pessoas que não têm nada, que estão em uma situação pior.

A ONU e os refugiados


Um mundo pacífico e próspero é aquele no qual as pessoas podem se sentir seguras e protegidas em suas casas, com suas famílias e em suas comunidades. É um mundo no qual elas podem se sentir confiantes em seu país, com sua cultura e na família das nações e dos povos do nosso planeta.
Às vezes, por razões econômicas ou outras razões pessoais, as pessoas optam por deixar as suas casas e começar uma nova vida em um novo local. Para melhor ou pior, essas decisões são tomadas por uma questão de escolha consciente.
Quando catástrofes naturais acontecem, casas são destruídas, deslocando comunidades inteiras. Quando a guerra ou a agitação civil devastam uma comunidade, pessoas são deslocadas à força para proteger a vida e a integridade física. Elas têm apenas duas opções: a morte por privação, assaltos ou genocídios, ou a vida no exílio. Basta pensar naqueles que foram forçados a fugir da violência em Darfur para vislumbrar a gravidade de sua necessidade.
Esta é a situação dos refugiados e deslocados internamente hoje. Em 2008, o Escritório do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) foi capaz de ajudar 4,5 milhões do total estimado de 11,4 milhões de refugiados em todo o mundo. Foi também capaz de proteger e assistir cerca de 13,7 milhões de pessoas internamente deslocadas (IDP).
No processo, o ACNUR ajudou 2,8 milhões de refugiados e deslocados a voltarem a suas casas. Também atuou ativamente quanto às necessidades de cerca de 2,9 milhões de apátridas e 800 mil requerentes de asilo e outros casos. Um total de 31,7 milhões de pessoas – despojadas da segurança básica necessária para viver uma vida produtiva e significativa.
Infelizmente, conflitos e catástrofes naturais continuam a pesar sobre tais pessoas. Mas sua situação é muito, muito melhor do que poderia ter sido, graças ao empenho da família das Nações Unidas para ajudá-las a regressar às suas casas, e para protegê-las e mantê-las até o seu retorno se tornar possível.
Quando sua situação resulta de conflitos, missões de paz da ONU frequentemente se disponibilizam para proteger suas moradias. Quando elas ficam sem acesso a necessidades básicas como água, comida e saneamento, a família das Nações Unidas as fornece. Quando sua saúde está em perigo, o Sistema da ONU busca proteção.
Grande parte deste apoio é prestado através da Ação Humanitária das Nações Unidas. A Comissão Permanente Interagencial (IASC), através da sua abordagem em grupo, reúne todas as principais agências humanitárias, tanto dentro como fora do sistema das Nações Unidas, para uma ação coordenada. O ACNUR é a agência líder no que diz respeito à proteção dos refugiados e deslocados internamente. Junto com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), é a principal agência de coordenação e gestão. E compartilha a liderança com relação aos abrigos de emergência com a Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.
Organismos da ONU ativamente envolvidos nesta abordagem em grupo incluem a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), o Programa Mundial de Alimentos (PMA), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos (ACNUDH).
O Escritório do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados recebeu duas vezes o Prêmio Nobel da Paz – em 1954 e 1981.
“O problema de situações prolongadas com refugiados atingiu proporções enormes. De acordo com recentes estatísticas do ACNUR, cerca de seis milhões de pessoas (excluindo o caso especial de mais de quatro milhões de refugiados palestinos) estão agora vivendo no exílio por cinco anos ou mais. Mais de 30 situações [do tipo] ocorrem em todo o mundo, a grande maioria delas em países da Ásia e da África, que estão se esforçando para atender às necessidades de seus próprios cidadãos.”
Além disso, a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina(UNRWA), fundada em 1949, é o principal fornecedor de serviços básicos – educação, saúde, assistência e serviços sociais – para mais de 4,5 milhões de refugiados palestinos registrados no Oriente Médio. Isso inclui 1,3 milhões vivendo em 58 campos de refugiados na Jordânia, no Líbano, na Síria e no território ocupado da Palestina, incluindo a Faixa de Gaza e a Cisjordânia.
A UNRWA fornece assistência humanitária de emergência para atenuar os efeitos da crise sobre os refugiados mais vulneráveis em Gaza, bem como da Cisjordânia, e foi um dos primeiros órgãos a responder à emergência de necessidades dos refugiados afetados pelos conflitos ocorridos no Líbano entre julho e agosto de 2006.
A Assembleia Geral proclamou a comemoração anual do Dia Mundial dos Refugiadosem 20 de junho.
Outros links relacionados, clique aqui.
Acesse também a página especial da ONU sobre o tema:http://refugeesmigrants.un.org
Todas as notícias, em português, estão em https://nacoesunidas.org/tema/refugiados

terça-feira, 19 de julho de 2016

Mutirão recebe mais de 300 refugiados sírios na zona sul de São Paulo


Ações como o mutirão realizado pela prefeitura paulistana em parceria com a SOBEM (Sociedade Beneficente Muçulmana de Santo Amaro) são muito importantes para a prevenção de doenças entre os refugiados.

terça-feira, 7 de junho de 2016

Imigrante senegalês socorre idosa em metrô no RS

Quando os brasileiros ignoraram a idosa passando mal, o senegalês Moussa que vive há um ano e meio no Brasil e que em seu país foi enfermeiro durante quinze anos,  a socorreu. Os conhecimentos que sua profissão lhe deu foram fundamentais para ajudar-lá. “Enquanto alguns chamam os imigrantes de escória [referência à declaração do deputado federal Jair Bolsonaro], um imigrante acaba de salvar uma vida aqui no Trensurb”

Brasil é um dos 5 países que garantem saúde a refugiados

A OIM ressaltou que a falta de um acesso adequado aos sistemas sanitários para os imigrantes na grande maioria dos países é "uma omissão preocupante, que requer um novo enfoque de maneira urgente em um mundo com crescente mobilidade humana"."Sua exclusão dos serviços e das políticas sanitárias não representa só uma negação de seu direito humano básico à saúde, mas também dar rédea solta aos temores públicos e às percepções de que os imigrantes representam um peso excessivo para os serviços sociais", disse o diretor-geral da OIM, William Lacy Swing.

Imigrantes e a saúde - Médicos estrangeiros

Médicos cubanos trabalham no Brasil, atendendo a comunidades pobres e distantes nos estados de Tocantins, Roraima e Amapá. Não houve nenhuma reclamação quanto à qualidade desse atendimento e nenhum problema com o conhecimento restrito da língua portuguesa, há mais de 30 mil médicos cubanos trabalhando em 69 países da América Latina, da África, da Ásia e da Oceania, lidando com pessoas que falam inglês, francês, português e dialetos locais. As pessoas que passam anos ou toda a vida sem ver um médico ficarão muito felizes quando receberem a atenção que os corporativistas do Brasil lhes negam e tentam impedir.